terça-feira, 3 de agosto de 2010

Solidão

"Muitas pessoas dizem que eu sou maluco porque faço certas coisas. Por exemplo: Eu penso que sou maluco! E ninguém quer me dizer para eu não cair no desgosto. Às vezes eu tenho até certeza que sou maluco! Que sou meio biruta! E não sei de nada! Todos me escondem! Queria alguém que me dissesse a verdade."
-Raul Seixas-

Acredito que esta deve ser a sensação quando se fala sozinho, quando se fala com paredes, quando a única coisa que ecoa de suas palavras, são suas próprias palavras. O sentimento de estar maluco me persegue, sempre que me vejo andando sozinho, lá esta ele logo atras de mim, e esses são tempos de solidão, tempos de palavras ao vento. É muito difícil quando parece que já vivemos o que tínhamos para viver, e o que vem é apenas um pequeno bis das piores partes antes do fim, e é logico como é de costume, continuo tentando remar contra a maré, mas estou sozinho, e sozinho quando olho para a margem estou no mesmo ponto do rio. Esses tipos de coisas que passam pela minha cabeça me dão a sensação de que sou maluco, só falta alguém me dizer, sim, já tive certeza de que era maluco, mas às vezes me vejo dono da compreensão de tudo, e percebo que tanto de um lado quanto do outro estarei sozinho, e aos olhos dos que me deixaram sozinho, daquelas paredes que apenas me ouvem, não faz diferença, por isso tento me entender comigo mesmo, busco a minha compreensão, e já perdi há muito tempo o preconceito em ser maluco.

*Ultimo escrito de Raul Seixas, feito na noite do dia 20 de Agosto de 1989, um dia antes de sua morte, em seu apartamento onde vivia sozinho.
*Retirado do livro O Baú do Raul.

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